- Ai Ari... Acho que você tem que ver melhor.
- Mais e se ele for a pessoa certa e você estiver deixando a oportunidade passar?
Essas eram algumas frases que as minhas amigas me falavam referente aquele auxiliar que eu estava à espera. Na verdade cada pessoa falava uma coisa, e eu mesma não sabia o que dizer, minha cabeça dava um nó só de pensar, e eu passei a evitar o assunto e me envolvia em outras coisas como a tribo de Aser, a escola, o vestibular, minha aparência e etc.
Desde a primeira vez que conversamos já havia passado alguns meses, algumas vezes ele me ligava, havia dias bons, havia dias maus, que nos não nos entendíamos em nada, e nem eu iria gostar de me relacionar comigo mesmo nesta época, pois eu era a pessoa mais indecisa da face da terra. Pois é, eu podia ser de fé em muitas coisas, mas naquela área da minha vida eu estava sendo levada totalmente pelas minhas emoções, e as emoções são muito espertas, elas sabem se disfarçar de fé quando convém.
Houve um momento em que eu achei que não daria mais certo, desliguei o telefone certa de que era o fim. Mas poucos dias depois, ele me ligou:
- Está autorizado.- Ele me falou com um ar de entusiasmo na voz.
- Não entendi... Como assim?- Eu segurei firme o telefone e olhei para o nada.
- Está autorizado, podemos namorar agora.
Aquela noticia me pegou de surpresa, mas eu me lembrei daquele voto que eu tinha feito, e achei que aquela era mais uma “resposta” de Deus, na verdade era o que eu queria acreditar.
Os primeiros dias foram ótimos, eu sonhava com aqueles momentos há muito tempo: Ter alguém pra chamar de namorado, usar aliança prata, andar de mãos dadas, tirar fotos, escrever e receber cartas, presentinhos, ir para a reunião de noivas, e apresenta-lo a minha família. Tudo muito lindo, mas... Dentro de mim, havia um desconforto, certo incomodo muito difícil de explicar.
“Ai tá amarrado! Não quero pensar nisso. Não quero estragar tudo.”
Ele não vinha muito, pois estava no interior, então quando ele veio em uma quarta-feira, já sai de casa com o material da faculdade, assim poderia ficar até o horário da entrada. Então ele resolveu dar uma olhada no meu fichário, ele folheava cada matéria muito intrigado, com um ar de interrogação e então me disse:
- Que matéria é essa? Não estudei nada disso na escola?
- Ah... É por que não estou mais na escola, estou na faculdade, a matéria é diferente mesmo.- Eu respondi rindo achando que estava agradando, mas ele não gostou nada do assunto.
- Como assim? Faculdade? Eu pensei que você queria fazer a obra!- Ele fechou meu fichário rosa e o colocou de lado com desprezo.
Bem, ele não gostou muito da história, na verdade os nossos pensamentos não se encaixavam em muitas coisas, como olhar para o mesmo lugar usando lentes diferentes. Aquela empolgação dos primeiros dias passou, ele passava dias sem me ligar, e quando nos encontrávamos estávamos muito insatisfeitos. Apesar das lágrimas, beijos e promessas de mudanças, logo voltávamos ao mesmo ponto novamente, isso com poucos meses de namoro, então eu pensava:
“O problema está em mim, só pode estar em mim, sou muito imatura, não estou pronta para o altar!”
Eu orava, falava com Deus, mas a minha emoção estava ali disfarçada de fé:
- Meu Deus está na sua palavra: ‘Até o que era pra dar errado vai dá certo’. Ainda que este relacionamento fosse para dar errado, o Senhor vai fazer um milagre e vai dá certo!
Continua semana que vem.